HISTÓRIA DA ABELHINHA
Era uma vez uma abelhinha que nasceu com uma asa só. Ela não podia voar nem um pouquinho,
por isso, ela vivia suspirando assim: a... a...
A abelhinha tinha tanta vontade de voar... Se ela pudesse voar, quantas coisas maravilhosas haveria de fazer!
A abelhinha contava tudo o que pensava a uma escova, amiga dela.
A escova era mágica, mas a abelhinha não sabia.
Um dia, a escova encantada disse à abelhinha:
- Querida abelhinha, você ainda há de ter asas deste lado também. Espere com paciência, minha amiga!
A escova mágica explicou: Eu sou uma escova mágica. Posso fazer muita coisa boa.
A abelhinha ficou muito feliz e pensativa. Toda vez que a escova via a abelhinha pensando, dizia com uma voz rouca e misteriosa: e... e...
Todas as manhãs a abelhinha costumava brincar perto de um mato muito alto.
Uma vez, ela viu as folhas do mato se mexerem. E, no mesmo instante, escutou um barulhinho assim: i... i... i...
A abelhinha olhou para um lado, olhou para outro, e nada viu... começou a sentir um pouquinho de medo.
Nisso saiu do mato um pequeno índio, todo enfeitado de penas.
A abelhinha, muito espantada perguntou:
- Foi você quem fez aquele barulhinho, foi?
- Eu mesmo! Por quê?
- Porque eu estava com medo. Mas agora já passou. Quer ser meu amigo, indiozinho?
Sim, falou o pequeno índio.
Então, os dois combinaram uma porção de brincadeiras.
Uma tarde, a abelhinha e o índio brincavam no quintal de uma casa grande. A abelhinha viu no chão uma coisa muito esquisita. Olhou... olhou... Nunca tinha visto aquilo.
A abelhinha resolveu perguntar:
- Como é o seu nome?
Mas a tal coisa esquisita só fez um barulhinho assim: “o”... “o”...
Foi aí que a abelhinha viu que a tal coisa era uns óculos quebrados.
Com muita pena, ela indagou:
- O que foi que aconteceu com você, amigo óculos?
Os óculos não disseram uma palavra.
Então a abelhinha achou que os óculos estavam precisando de ajuda.
- Eu vou ajudar você, ouviu? Vou pedir à minha amiga, escova mágica, que conserte você.
O indiozinho apanhou os óculos e foram juntos até a casa da escova mágica.
Eles iam andando, quando de repente viram junto de uma árvore surgir um ursinho, que quis fazer logo uma brincadeira com eles. Escondeu-se atrás da árvore e, para assustar os amigos, ele fez assim: u... u...
Já estava ficando noite.
Bem – falou a abelhinha – acho que hoje vou dormir aqui mesmo. Posso? E sem esperar resposta, deitou-se no meio dos pêlos da escova encantada. E logo tirou um soninho.
De repente, a abelhinha acordou e começou a gritar:
- Socorro! Socorro! Socorro! Por favor, me acudam.
- Que é que aconteceu com você? – perguntou o ursinho.
A abelhinha respondeu com voz de choro:
- A escova mágica está pegando fogo!
Não é fogo não abelhinha! É um bichinho que tem uma luz... parece até uma lanterninha! Ele também está com medo.
A escova encantada sacudiu os pêlos, e o bichinho saiu voando.
- Como é seu nome? – Quis saber a abelhinha.
O bichinho, muito afobado, só conseguiu fazer um barulhinho assim: v... v...
E mais uma vez a escova mágica explicou:
- O som que vocês escutaram, meus amigos, veio dessa flor aí. Qualquer um que sacuda as pétalas dessa dália, pronto: a gente ouve logo esse barulhinho.
O vaga-lume falou assim:
- Eu estava voando lá no meio da mata. Nisso me assustei com os olhos de um lobo. Pareciam duas velas acesas andando de um lado para o outro na escuridão da noite. Logo depois escutei um uivo diferente. Quase morri de medo!
A abelhinha não se conteve e perguntou:
- E como era esse uivo, heim?
- Não sou capaz de repetir – respondeu o vaga-lume. – Já experimentei muitas vezes, mas não consegui.
A escova explicou tudo:
- O lobo caiu numa armadilha. O laço apertou demais o pescoço dele. Por isso o uivo saiu diferente. Vocês querem saber como foi o uivo?
A escova repetiu três vezes a palavra mágica: “quadiduvivu”.
Todos escutaram o uivo abafado de um lobo. Era um uivo assim: l... l...
A abelhinha quis logo saber:
- E depois, que aconteceu?
- Tratei de fugir depressa; e acabei perdido no meio da mata.
- E depois? – perguntou o pequeno índio.
- Depois continuei voando. Voei, voei... Fiquei tão cansado que caí no chão. E que é que havia de aparecer na minha frente? Uma minhoca! Uma minhoca comprida, muito vagarosa; cheia de requebros, cheia de dengos... Uma simpatia de minhoca! Ela chegou até junto de meu ouvido e começou a fazer um barulhinho engraçado. Eu acho que ela ia me contar algum segredo! Mas não entendi nada. Ah, se eu pudesse descobrir o que a minhoca queria dizer...
Naquela hora a abelhinha, o pequeno índio e o ursinho olharam para a escova encantada. Ela adivinhou o pensamento de seus amigos e disse de novo, três vezes: “quadiduvivu”.
Mal acabou de falar a palavra mágica, saiu do chão uma fumacinha muito branca, que foi subindo. Por fim desapareceu no ar.
E, naquele mesmo lugar, todos viram, de repente, a minhoca aparecer. A minhoca se requebrando toda, começou logo a fazer um som engraçado, assim: m... m...
Um dia a abelhinha viu lá no céu, uma pipa balançando pra lá, pra cá. Quando o vento batia na pipa com força, ela fazia um barulhinho assim: p... p...
A abelhinha estava tão distraída ouvindo o barulhinho, que não viu o gato Golias chegar.
- Abelhinha, que é que você está fazendo? Perguntou o gato, muito curioso.
- Ah, eu estou sonhando, amigo Golias... Sabe com o quê? Com as asas que vou ganhar deste lado. Quando isto acontecer eu poderei... voar! A escova mágica me prometeu ajuda, mas disse que eu tenho que esperar.
O gato, para alegrar a abelhinha, perguntou:
- Você quer dar um passeio lá onde está a pipa?
- Quero, sim! – respondeu ela bem depressa.
Então o gato puxou a pipa. A abelhinha segurou-se nela e a pipa subiu outra vez.
Golias prendeu a linha da pipa numa pedra e foi tirar uma soneca. Logo depois, o gato roncava fazendo um barulhinho assim: g... g...
Perto dali, no buraco de um velho tronco, vivia escondido Roque-Roque.
Roque-Roque era um rato levado. Ele tinha escutado a conversa do gato e da abelhinha, e achou que podia divertir-se à custa do bichano.
Brincar com a abelhinha não dava, pois ela estava lá no alto, passeando na pipa... Mas o gato Golias estava dormindo logo ali, bem perto. Bastava uma corridinha e pronto!
Sem fazer barulho, para não acordar o bichano, Roque-Roque saiu do buraco. Deu um puxão na cauda do Golias e quis voltar depressa para casa. Mas não conseguiu. Ficou tão atrapalhado que começou a fazer um barulhinho assim: r... r...
O gato Golias ainda dormia quando Roque-Roque aproveitou a ocasião para nova brincadeira: deu um peteleco nas orelhas do bichano e fez cócegas no focinho dele.
Depois procurou um lugar para se esconder. Não queria medir forças com o gato Golias, não! O ratinho não era bobo.
Escondeu-se atrás de uma pedra e lá ficou muito quietinho. Mas agora Golias estava bem acordado. Golias saiu miando com raiva, querendo descobrir quem tinha mexido com ele. E assim a pipa ficou abandonada, balançando de um lado para outro.
A força do vento foi aumentando, até que a linha da pipa arrebentou. A pipa, levada pela ventania, acabou ficando presa no alto de uma torre.
O vento soprava cada vez mais forte! E como batia na torre... E como batia na pipa!
E como sacudia a abelhinha!...
De vez em quando, por causa da força do vento, a torre parecia que estava fazendo um barulhinho assim: t... t...
Num dia de sol bem quente, a abelhinha estava com muita sede. Então a abelhinha entrou numa casa e viu, em cima do fogão, um bule. E pensou: Talvez eu ache água para beber nesse bule.
A abelhinha chegou mais perto. Parecia que o bule estava resmungando.
Ela ouviu um barulhinho assim: b... b...
A abelhinha começou a pensar: Ué! Que coisa engraçada! Um bule resmungando... Não pode ser. Bobagem! Com certeza eu é que não ouvi direito. Vou prestar mais atenção.
A abelhinha olhou de novo para o bule. Aí, ela compreendeu tudo: a água estava fervendo e a tampa do bule é que fazia barulho.
Água fervendo! Não vou beber, não! Pensou a abelhinha. Vou matar a minha sede em outro lugar.
A abelhinha bebeu água na pia.
A abelhinha foi até a janela, olhou para fora e viu, perto da lagoa, um sapo de olhos esbugalhados. O sapo espiava um papel que estava no chão. Depois fechava os olhos, punha a língua de fora, balançava a cabeça devagarinho e fazia assim: s... s...
A abelhinha não conseguia entender o misterioso sapo, nem por que ele fazia tantas caretas.
E não foi só a abelhinha que não entendeu as caretas do sapo.
Um jacaré, que morava na lagoa, achou também o sapo esquisito. E perguntou:
- Por que é que você olha tanto para esse papel, amigo sapo? Por que sacode a cabeça? Por que é que está fazendo esse barulhinho?
O sapo fingiu não ter ouvido nada. Há muito tempo ele queria dar uma lição no jacaré, que era muito misterioso.
Morrendo de curiosidade, o jacaré aproximou-se do sapo.
Foi aí que o sapo, ligeiro como um raio virou para baixo a folha de papel e perguntou:
Você já viu esta figura? Na mesma hora o jacaré balançou a cabeça dizendo sim.
Você viu mesmo, amigo jacaré?
Um pouco envergonhado por ter falado uma mentira, o jacaré fez apenas um barulhinho assim: j... j...
O sapo fingiu que não estava reparando na atrapalhação do jacaré. E fazia uma pergunta atrás da outra:
Você já falou com ele?
J... Foi só o que o jacaré disse.
Ah! Agora tenho certeza: você está mentindo! Gritou o sapo com pose de vencedor. – Como você pode ter falado com ele, jacaré, se ele nem sabe falar...
Rindo muito, mostrou a figura ao mentiroso...
Aí, o jacaré ficou sem jeito mesmo. Deu uma corrida e tchibum! Mergulhou bem depressa na lagoa.
O sapo foi embora pulando, todo contente, e deixou o papel no chão.
A abelhinha resolveu ver de perto a figura que estava no papel. Ela queria saber o que era gordinho, sem dentes e não sabia falar.
A figura nada mais era do que o retrato de um neném, o netinho de dona Júlia.
A abelhinha achou que devia levar o retrato para casa da vovó. Mas como o retrato era grande e pesado!
Sozinha ela não ia agüentar. Pensou em pedir ajuda ao vaga-lume.
No mesmo instante o vaga-lume apareceu e foi logo ajudar a abelhinha. Chamou mais alguns vaga-lumes para levarem, juntos, o retrato do neném à casa da vovó.
Quando já iam saindo, a abelhinha reclamou:
Esperem, esperem! E eu? Vocês se esquecerem de mim? Ou não sabem que eu também quero ir?
E os vaga-lumes responderam: Você também vai, abelhinha! Suba logo no retrato, pois já está anoitecendo e temos que ir embora.
Os vaga-lumes voaram pelo céu afora. Voaram... Voaram... De vez em quando, acendiam as lanterninhas para iluminar a escuridão da noite.
Por fim, chegaram à casa da vovó. Entraram no quarto do neném. Ele brincava sozinho, na cama. Viu os vaga-lumes e gostou das luzinhas deles. Mas como não sabia falar, o neném começou a fazer assim: n... n...
Os vaga-lumes não compreenderam o que o neném queria dizer.
Os vaga-lumes foram procurar a vovó, na sala de jantar.
A vovó estava preparando torradas. Ela cortava as fatias de pão com muita dificuldade, porque a faca estava cega.
Todas as vezes que a faca roçava na casca do pão, fazia assim: f... f...
Quando as torradas ficaram prontas, Dona Júlia quis descansar um pouco. Sentou-se na cadeira de balanço e acabou dormindo.
Os vaga-lumes entraram voando na sala. Sem fazer barulho puseram, no colo da vovó o retrato do neném e a abelhinha. Depois os vaga-lumes foram embora.
A abelhinha se escondeu numa dobra de saia xadrez de Dona Júlia.
De repente, a abelhinha viu um caracol encostado no pé da cadeira e começou a pedir baixinho:
Caracol, bota o chifre de fora. Caracol, bota o chifre de fora.
E o caracol, nada!
Será que o meu amigo está zangado?, pensou a abelhinha. Ou quem sabe, ele não me ouviu direito? Talvez esteja dormindo...
Nisso, o caracol, lá dentro de sua casa, fez assim:c... c...
A abelhinha ouviu o som que o caracol fazia e ficou um pouco espantada. Agora é que ela não estava entendendo nada.
Nesse momento, o caracol pôs a cabeça de fora. A abelhinha, muito curiosa, perguntou:
Foi você que fez o barulhinho que eu ouvi ainda há pouco, amigo caracol?
Fui eu, sim – respondeu ele muito alegre – Às vezes, eu gosto de falar sozinho...É que tenho esse costume, sabe? Mas... porque é que você me chamou, abelhinha?
Eu? Ah! Veja só caracol, não é que, com a nossa conversa, me esqueci do que eu queria dizer.
- Ah! Caracol, você costuma brincar com o neném ?
- Brinco com ele sim, minha amiga. Mas no outro dia, fiquei muito zangado com o neném. Imagine que ele jogou os óculos da vovó pela janela. Os óculos caíram no chão, lá no quintal.
E a vovó? – quis logo saber a abelhinha.
A vovó – respondeu o caracol – pediu à lavadeira que apanhasse os óculos. A lavadeira procurou por todos os cantos do quintal e não achou nada. Os óculos tinham desaparecido. Um verdadeiro mistério.
A abelhinha interrompeu o caracol para dizer: Óculos quebrados da vovó, no quintal... Depois sumiram? Mistério... É isso mesmo! São os óculos que eu encontrei outro dia...
A abelhinha ficou com muita pena da vovó.
Ela chamou, então, três vezes a escova. Na mesma hora a escova apareceu.
Que é que você quer de mim, abelhinha? – perguntou a escova.
- Ah! Minha grande amiga! – suspirou a abelhinha. – Você prometeu ajudar os óculos quebrados, não foi? E disse que eles tinham de esperar um pouco. Acontece que esses óculos são da vovó e ela está precisando tanto deles... Se você consertasse os óculos agora mesmo, eu ficaria tão contente...
Você é de fato uma boa abelhinha! – falou muito satisfeita a escova encantada.- Por isso vou fazer o que você me pediu.
A escova disse três vezes a palavra quadiduvivu. E logo aparecem os óculos de Dona Júlia, já consertados.
- Obrigada, obrigada! – agradeceu muito feliz a abelhinha.
A abelhinha e o caracol ficaram calados.
De repente, a abelhinha perguntou: Que é aquilo ali, caracol?
Aquilo? Ah! Ah! Ah! Aquilo... Você não está vendo, abelhinha?
É que essa zebra é de corda, e só anda fazendo ziguezague – exploicou o caracol. – Vou mostrar a você como é, abelhinha.
O caracol deu um empurrão, de leve na zebra. Ela ainda tinha um pouco de corda e começou a andar em ziguezague, fazendo um barulhinho assim: z... z...
A zebra Ziguezague andou, andou... até a corda acabar.
A abelhinha, que estava olhando para outro brinquedo, perguntou ao caracol: E aquele lá, quem é?
- Aquele? Aquele é Xaveco, o boneco de molas mais travesso do mundo! Lá no canto do quarto, Xaveco começou a pular, fazendo um som assim: x... x.... Nisso, o caracol avisou à abelhinha: O neném está choramingando. A vovó acaba de acordar.
- Caracol, veja só como a vovó ajeita os óculos no nariz – falou baixinho a abelhinha.
Ih! Agora ela começou a rir para o retrato do neném. Repare bem! Ela se levantou caracol! Pra onde será que ela vai?
Dona Júlia está indo para o quarto do netinho – respondeu o caracol.
Dona Júlia não viu a abelhinha e o caracol, quase pisando nos dois.
Uf! Que susto eu levei! Reclamou a abelhinha. – É melhor a gente ir para o outro lado da sala. Nada de ficar na passagem, amigo caracol.
É muito perigoso!
Nessa hora, o neném choramingou de novo.
Vovó pôs Xaveco perto dele, na caminha azul e cantou:
- Fique bem quietinho!
Xaveco endiabrado
Deixe o meu netinho
Dormir sossegado.
A abelhinha e o caracol entraram no quarto do neném.
Ele estava dormindo na sua caminha azul.
A abelhinha foi logo perguntando ao caracol:
- Como é o nome daquilo que está ali?
- É uma harpa de brinquedo – respondeu o caracol.
- Para que serve uma harpa? – tornou a perguntar a abelhinha.
-A harpa serve para tocar música, abelhinha! Ela é da família do violão. Só que ela precisa de uma outra amiguinha para toca-la. Sozinha ela não faz som algum.
A abelhinha convidou o caracol para irem até a cozinha.
- Vamos sim, amiga abelhinha.
Chegando lá, ouviram um barulhinho estranho.
- Você está ouvindo isso, amigo caracol?
- Sim, o que será?
- Não sei, vamos chegar mais perto.
- Olha ali, caracol!
Era o ratinho que comia escondido o queijo da vovó. Toda vez que mordia o queijo fazia um barulhinho assim: q... q...
Um dia , a abelhinha estava no jardim da casa da Dona Júlia.
A abelhinha fechou os olhos e começou a pensar: Ah! Como seria bom se as minhas asas tivessem nascido! ... eu iria voar por estas árvores e estas flores.
Foi ai que a abelhinha ouviu três vezes: quadiduvivu! Pensou logo: a escova mágica está aqui!
Então a abelhinha resolveu abrir os olhos.
Nesta hora, ela teve uma grande surpresa. Não é que ela, a abelhinha, estava lá em cima, no galho da árvore? Como é que tinha chegado até ali? Ela não podia voar...
Justamente nesse momento, a abelhinha ouviu a escova mágica dizer:
- Você agora, abelhinha, tem o que tanto queria. Mereceu bem esse prêmio. Voe, agora, todo o dia.
Então a abelhinha entendeu tudo: já tinha quatro asas. Agora podia voar para onde quisesse. A abelhinha quase chorou de alegria.
A abelhinha estava muito feliz. Ela falava tão alto, fazia tanto barulho, que chamou a atenção do indiozinho e dos óculos. Eles estavam brincando ali perto e vieram depressa.
Nessa hora, a escova mágica anunciou: Vou dar uma festa de arromba lá em casa. Uma festa que vai durar três dias e três noites.
O indiozinho quis logo saber:
- Festa? Por causa de quê?
A abelhinha achou que devia responder:
- Por minha causa, indiozinho. Quer ver uma coisa?
E, muito feliz, a abelhinha começou a voar em volta dos amigos.
Foi quando o indiozinho gritou: Que maravilha! A abelhinha já pode voar, minha gente!
A abelhinha, muita prosa, voava, voava sem parar.
A escova olhou para a abelhinha e pensou: Ela bem que merece essa felicidade, bem que merece...
O melhor é irmos andando, disse a escova mágica. Temos de preparar a festa: arrumar a casa, fazer os doces, arranjar a música. Vamos precisar de que todos ajudem e... não podemos perder tempo.
O indiozinho disse logo: Pode contar comigo!...
Então a escova falou: Vocês querem convidar os outros amigos? E pedir que eles venham também ajudar? Essa festa tem de ser mesmo de arromba. Uma festa como ninguém ainda viu. Uma festa para a abelhinha!
E a abelhinha gritou:
- Essa festa é da escova também! Viva a escova!
HISTÓRIA DA ABELHINHA
Era uma vez uma abelhinha que nasceu com uma asa só. Ela não podia voar nem um pouquinho,
por isso, ela vivia suspirando assim: a... a...
A abelhinha tinha tanta vontade de voar... Se ela pudesse voar, quantas coisas maravilhosas haveria de fazer!
A abelhinha contava tudo o que pensava a uma escova, amiga dela.
A escova era mágica, mas a abelhinha não sabia.
Um dia, a escova encantada disse à abelhinha:
- Querida abelhinha, você ainda há de ter asas deste lado também. Espere com paciência, minha amiga!
A escova mágica explicou: Eu sou uma escova mágica. Posso fazer muita coisa boa.
A abelhinha ficou muito feliz e pensativa. Toda vez que a escova via a abelhinha pensando, dizia com uma voz rouca e misteriosa: e... e...
Todas as manhãs a abelhinha costumava brincar perto de um mato muito alto.
Uma vez, ela viu as folhas do mato se mexerem. E, no mesmo instante, escutou um barulhinho assim: i... i... i...
A abelhinha olhou para um lado, olhou para outro, e nada viu... começou a sentir um pouquinho de medo.
Nisso saiu do mato um pequeno índio, todo enfeitado de penas.
A abelhinha, muito espantada perguntou:
- Foi você quem fez aquele barulhinho, foi?
- Eu mesmo! Por quê?
- Porque eu estava com medo. Mas agora já passou. Quer ser meu amigo, indiozinho?
Sim, falou o pequeno índio.
Então, os dois combinaram uma porção de brincadeiras.
Uma tarde, a abelhinha e o índio brincavam no quintal de uma casa grande. A abelhinha viu no chão uma coisa muito esquisita. Olhou... olhou... Nunca tinha visto aquilo.
A abelhinha resolveu perguntar:
- Como é o seu nome?
Mas a tal coisa esquisita só fez um barulhinho assim: “o”... “o”...
Foi aí que a abelhinha viu que a tal coisa era uns óculos quebrados.
Com muita pena, ela indagou:
- O que foi que aconteceu com você, amigo óculos?
Os óculos não disseram uma palavra.
Então a abelhinha achou que os óculos estavam precisando de ajuda.
- Eu vou ajudar você, ouviu? Vou pedir à minha amiga, escova mágica, que conserte você.
O indiozinho apanhou os óculos e foram juntos até a casa da escova mágica.
Eles iam andando, quando de repente viram junto de uma árvore surgir um ursinho, que quis fazer logo uma brincadeira com eles. Escondeu-se atrás da árvore e, para assustar os amigos, ele fez assim: u... u...
Já estava ficando noite.
Bem – falou a abelhinha – acho que hoje vou dormir aqui mesmo. Posso? E sem esperar resposta, deitou-se no meio dos pêlos da escova encantada. E logo tirou um soninho.
De repente, a abelhinha acordou e começou a gritar:
- Socorro! Socorro! Socorro! Por favor, me acudam.
- Que é que aconteceu com você? – perguntou o ursinho.
A abelhinha respondeu com voz de choro:
- A escova mágica está pegando fogo!
Não é fogo não abelhinha! É um bichinho que tem uma luz... parece até uma lanterninha! Ele também está com medo.
A escova encantada sacudiu os pêlos, e o bichinho saiu voando.
- Como é seu nome? – Quis saber a abelhinha.
O bichinho, muito afobado, só conseguiu fazer um barulhinho assim: v... v...
E mais uma vez a escova mágica explicou:
- O som que vocês escutaram, meus amigos, veio dessa flor aí. Qualquer um que sacuda as pétalas dessa dália, pronto: a gente ouve logo esse barulhinho.
O vaga-lume falou assim:
- Eu estava voando lá no meio da mata. Nisso me assustei com os olhos de um lobo. Pareciam duas velas acesas andando de um lado para o outro na escuridão da noite. Logo depois escutei um uivo diferente. Quase morri de medo!
A abelhinha não se conteve e perguntou:
- E como era esse uivo, heim?
- Não sou capaz de repetir – respondeu o vaga-lume. – Já experimentei muitas vezes, mas não consegui.
A escova explicou tudo:
- O lobo caiu numa armadilha. O laço apertou demais o pescoço dele. Por isso o uivo saiu diferente. Vocês querem saber como foi o uivo?
A escova repetiu três vezes a palavra mágica: “quadiduvivu”.
Todos escutaram o uivo abafado de um lobo. Era um uivo assim: l... l...
A abelhinha quis logo saber:
- E depois, que aconteceu?
- Tratei de fugir depressa; e acabei perdido no meio da mata.
- E depois? – perguntou o pequeno índio.
- Depois continuei voando. Voei, voei... Fiquei tão cansado que caí no chão. E que é que havia de aparecer na minha frente? Uma minhoca! Uma minhoca comprida, muito vagarosa; cheia de requebros, cheia de dengos... Uma simpatia de minhoca! Ela chegou até junto de meu ouvido e começou a fazer um barulhinho engraçado. Eu acho que ela ia me contar algum segredo! Mas não entendi nada. Ah, se eu pudesse descobrir o que a minhoca queria dizer...
Naquela hora a abelhinha, o pequeno índio e o ursinho olharam para a escova encantada. Ela adivinhou o pensamento de seus amigos e disse de novo, três vezes: “quadiduvivu”.
Mal acabou de falar a palavra mágica, saiu do chão uma fumacinha muito branca, que foi subindo. Por fim desapareceu no ar.
E, naquele mesmo lugar, todos viram, de repente, a minhoca aparecer. A minhoca se requebrando toda, começou logo a fazer um som engraçado, assim: m... m...
Um dia a abelhinha viu lá no céu, uma pipa balançando pra lá, pra cá. Quando o vento batia na pipa com força, ela fazia um barulhinho assim: p... p...
A abelhinha estava tão distraída ouvindo o barulhinho, que não viu o gato Golias chegar.
- Abelhinha, que é que você está fazendo? Perguntou o gato, muito curioso.
- Ah, eu estou sonhando, amigo Golias... Sabe com o quê? Com as asas que vou ganhar deste lado. Quando isto acontecer eu poderei... voar! A escova mágica me prometeu ajuda, mas disse que eu tenho que esperar.
O gato, para alegrar a abelhinha, perguntou:
- Você quer dar um passeio lá onde está a pipa?
- Quero, sim! – respondeu ela bem depressa.
Então o gato puxou a pipa. A abelhinha segurou-se nela e a pipa subiu outra vez.
Golias prendeu a linha da pipa numa pedra e foi tirar uma soneca. Logo depois, o gato roncava fazendo um barulhinho assim: g... g...
Perto dali, no buraco de um velho tronco, vivia escondido Roque-Roque.
Roque-Roque era um rato levado. Ele tinha escutado a conversa do gato e da abelhinha, e achou que podia divertir-se à custa do bichano.
Brincar com a abelhinha não dava, pois ela estava lá no alto, passeando na pipa... Mas o gato Golias estava dormindo logo ali, bem perto. Bastava uma corridinha e pronto!
Sem fazer barulho, para não acordar o bichano, Roque-Roque saiu do buraco. Deu um puxão na cauda do Golias e quis voltar depressa para casa. Mas não conseguiu. Ficou tão atrapalhado que começou a fazer um barulhinho assim: r... r...
O gato Golias ainda dormia quando Roque-Roque aproveitou a ocasião para nova brincadeira: deu um peteleco nas orelhas do bichano e fez cócegas no focinho dele.
Depois procurou um lugar para se esconder. Não queria medir forças com o gato Golias, não! O ratinho não era bobo.
Escondeu-se atrás de uma pedra e lá ficou muito quietinho. Mas agora Golias estava bem acordado. Golias saiu miando com raiva, querendo descobrir quem tinha mexido com ele. E assim a pipa ficou abandonada, balançando de um lado para outro.
A força do vento foi aumentando, até que a linha da pipa arrebentou. A pipa, levada pela ventania, acabou ficando presa no alto de uma torre.
O vento soprava cada vez mais forte! E como batia na torre... E como batia na pipa!
E como sacudia a abelhinha!...
De vez em quando, por causa da força do vento, a torre parecia que estava fazendo um barulhinho assim: t... t...
Num dia de sol bem quente, a abelhinha estava com muita sede. Então a abelhinha entrou numa casa e viu, em cima do fogão, um bule. E pensou: Talvez eu ache água para beber nesse bule.
A abelhinha chegou mais perto. Parecia que o bule estava resmungando.
Ela ouviu um barulhinho assim: b... b...
A abelhinha começou a pensar: Ué! Que coisa engraçada! Um bule resmungando... Não pode ser. Bobagem! Com certeza eu é que não ouvi direito. Vou prestar mais atenção.
A abelhinha olhou de novo para o bule. Aí, ela compreendeu tudo: a água estava fervendo e a tampa do bule é que fazia barulho.
Água fervendo! Não vou beber, não! Pensou a abelhinha. Vou matar a minha sede em outro lugar.
A abelhinha bebeu água na pia.
A abelhinha foi até a janela, olhou para fora e viu, perto da lagoa, um sapo de olhos esbugalhados. O sapo espiava um papel que estava no chão. Depois fechava os olhos, punha a língua de fora, balançava a cabeça devagarinho e fazia assim: s... s...
A abelhinha não conseguia entender o misterioso sapo, nem por que ele fazia tantas caretas.
E não foi só a abelhinha que não entendeu as caretas do sapo.
Um jacaré, que morava na lagoa, achou também o sapo esquisito. E perguntou:
- Por que é que você olha tanto para esse papel, amigo sapo? Por que sacode a cabeça? Por que é que está fazendo esse barulhinho?
O sapo fingiu não ter ouvido nada. Há muito tempo ele queria dar uma lição no jacaré, que era muito misterioso.
Morrendo de curiosidade, o jacaré aproximou-se do sapo.
Foi aí que o sapo, ligeiro como um raio virou para baixo a folha de papel e perguntou:
Você já viu esta figura? Na mesma hora o jacaré balançou a cabeça dizendo sim.
Você viu mesmo, amigo jacaré?
Um pouco envergonhado por ter falado uma mentira, o jacaré fez apenas um barulhinho assim: j... j...
O sapo fingiu que não estava reparando na atrapalhação do jacaré. E fazia uma pergunta atrás da outra:
Você já falou com ele?
J... Foi só o que o jacaré disse.
Ah! Agora tenho certeza: você está mentindo! Gritou o sapo com pose de vencedor. – Como você pode ter falado com ele, jacaré, se ele nem sabe falar...
Rindo muito, mostrou a figura ao mentiroso...
Aí, o jacaré ficou sem jeito mesmo. Deu uma corrida e tchibum! Mergulhou bem depressa na lagoa.
O sapo foi embora pulando, todo contente, e deixou o papel no chão.
A abelhinha resolveu ver de perto a figura que estava no papel. Ela queria saber o que era gordinho, sem dentes e não sabia falar.
A figura nada mais era do que o retrato de um neném, o netinho de dona Júlia.
A abelhinha achou que devia levar o retrato para casa da vovó. Mas como o retrato era grande e pesado!
Sozinha ela não ia agüentar. Pensou em pedir ajuda ao vaga-lume.
No mesmo instante o vaga-lume apareceu e foi logo ajudar a abelhinha. Chamou mais alguns vaga-lumes para levarem, juntos, o retrato do neném à casa da vovó.
Quando já iam saindo, a abelhinha reclamou:
Esperem, esperem! E eu? Vocês se esquecerem de mim? Ou não sabem que eu também quero ir?
E os vaga-lumes responderam: Você também vai, abelhinha! Suba logo no retrato, pois já está anoitecendo e temos que ir embora.
Os vaga-lumes voaram pelo céu afora. Voaram... Voaram... De vez em quando, acendiam as lanterninhas para iluminar a escuridão da noite.
Por fim, chegaram à casa da vovó. Entraram no quarto do neném. Ele brincava sozinho, na cama. Viu os vaga-lumes e gostou das luzinhas deles. Mas como não sabia falar, o neném começou a fazer assim: n... n...
Os vaga-lumes não compreenderam o que o neném queria dizer.
Os vaga-lumes foram procurar a vovó, na sala de jantar.
A vovó estava preparando torradas. Ela cortava as fatias de pão com muita dificuldade, porque a faca estava cega.
Todas as vezes que a faca roçava na casca do pão, fazia assim: f... f...
Quando as torradas ficaram prontas, Dona Júlia quis descansar um pouco. Sentou-se na cadeira de balanço e acabou dormindo.
Os vaga-lumes entraram voando na sala. Sem fazer barulho puseram, no colo da vovó o retrato do neném e a abelhinha. Depois os vaga-lumes foram embora.
A abelhinha se escondeu numa dobra de saia xadrez de Dona Júlia.
De repente, a abelhinha viu um caracol encostado no pé da cadeira e começou a pedir baixinho:
Caracol, bota o chifre de fora. Caracol, bota o chifre de fora.
E o caracol, nada!
Será que o meu amigo está zangado?, pensou a abelhinha. Ou quem sabe, ele não me ouviu direito? Talvez esteja dormindo...
Nisso, o caracol, lá dentro de sua casa, fez assim:c... c...
A abelhinha ouviu o som que o caracol fazia e ficou um pouco espantada. Agora é que ela não estava entendendo nada.
Nesse momento, o caracol pôs a cabeça de fora. A abelhinha, muito curiosa, perguntou:
Foi você que fez o barulhinho que eu ouvi ainda há pouco, amigo caracol?
Fui eu, sim – respondeu ele muito alegre – Às vezes, eu gosto de falar sozinho...É que tenho esse costume, sabe? Mas... porque é que você me chamou, abelhinha?
Eu? Ah! Veja só caracol, não é que, com a nossa conversa, me esqueci do que eu queria dizer.
- Ah! Caracol, você costuma brincar com o neném ?
- Brinco com ele sim, minha amiga. Mas no outro dia, fiquei muito zangado com o neném. Imagine que ele jogou os óculos da vovó pela janela. Os óculos caíram no chão, lá no quintal.
E a vovó? – quis logo saber a abelhinha.
A vovó – respondeu o caracol – pediu à lavadeira que apanhasse os óculos. A lavadeira procurou por todos os cantos do quintal e não achou nada. Os óculos tinham desaparecido. Um verdadeiro mistério.
A abelhinha interrompeu o caracol para dizer: Óculos quebrados da vovó, no quintal... Depois sumiram? Mistério... É isso mesmo! São os óculos que eu encontrei outro dia...
A abelhinha ficou com muita pena da vovó.
Ela chamou, então, três vezes a escova. Na mesma hora a escova apareceu.
Que é que você quer de mim, abelhinha? – perguntou a escova.
- Ah! Minha grande amiga! – suspirou a abelhinha. – Você prometeu ajudar os óculos quebrados, não foi? E disse que eles tinham de esperar um pouco. Acontece que esses óculos são da vovó e ela está precisando tanto deles... Se você consertasse os óculos agora mesmo, eu ficaria tão contente...
Você é de fato uma boa abelhinha! – falou muito satisfeita a escova encantada.- Por isso vou fazer o que você me pediu.
A escova disse três vezes a palavra quadiduvivu. E logo aparecem os óculos de Dona Júlia, já consertados.
- Obrigada, obrigada! – agradeceu muito feliz a abelhinha.
A abelhinha e o caracol ficaram calados.
De repente, a abelhinha perguntou: Que é aquilo ali, caracol?
Aquilo? Ah! Ah! Ah! Aquilo... Você não está vendo, abelhinha?
É que essa zebra é de corda, e só anda fazendo ziguezague – exploicou o caracol. – Vou mostrar a você como é, abelhinha.
O caracol deu um empurrão, de leve na zebra. Ela ainda tinha um pouco de corda e começou a andar em ziguezague, fazendo um barulhinho assim: z... z...
A zebra Ziguezague andou, andou... até a corda acabar.
A abelhinha, que estava olhando para outro brinquedo, perguntou ao caracol: E aquele lá, quem é?
- Aquele? Aquele é Xaveco, o boneco de molas mais travesso do mundo! Lá no canto do quarto, Xaveco começou a pular, fazendo um som assim: x... x.... Nisso, o caracol avisou à abelhinha: O neném está choramingando. A vovó acaba de acordar.
- Caracol, veja só como a vovó ajeita os óculos no nariz – falou baixinho a abelhinha.
Ih! Agora ela começou a rir para o retrato do neném. Repare bem! Ela se levantou caracol! Pra onde será que ela vai?
Dona Júlia está indo para o quarto do netinho – respondeu o caracol.
Dona Júlia não viu a abelhinha e o caracol, quase pisando nos dois.
Uf! Que susto eu levei! Reclamou a abelhinha. – É melhor a gente ir para o outro lado da sala. Nada de ficar na passagem, amigo caracol.
É muito perigoso!
Nessa hora, o neném choramingou de novo.
Vovó pôs Xaveco perto dele, na caminha azul e cantou:
- Fique bem quietinho!
Xaveco endiabrado
Deixe o meu netinho
Dormir sossegado.
A abelhinha e o caracol entraram no quarto do neném.
Ele estava dormindo na sua caminha azul.
A abelhinha foi logo perguntando ao caracol:
- Como é o nome daquilo que está ali?
- É uma harpa de brinquedo – respondeu o caracol.
- Para que serve uma harpa? – tornou a perguntar a abelhinha.
-A harpa serve para tocar música, abelhinha! Ela é da família do violão. Só que ela precisa de uma outra amiguinha para toca-la. Sozinha ela não faz som algum.
A abelhinha convidou o caracol para irem até a cozinha.
- Vamos sim, amiga abelhinha.
Chegando lá, ouviram um barulhinho estranho.
- Você está ouvindo isso, amigo caracol?
- Sim, o que será?
- Não sei, vamos chegar mais perto.
- Olha ali, caracol!
Era o ratinho que comia escondido o queijo da vovó. Toda vez que mordia o queijo fazia um barulhinho assim: q... q...
Um dia , a abelhinha estava no jardim da casa da Dona Júlia.
A abelhinha fechou os olhos e começou a pensar: Ah! Como seria bom se as minhas asas tivessem nascido! ... eu iria voar por estas árvores e estas flores.
Foi ai que a abelhinha ouviu três vezes: quadiduvivu! Pensou logo: a escova mágica está aqui!
Então a abelhinha resolveu abrir os olhos.
Nesta hora, ela teve uma grande surpresa. Não é que ela, a abelhinha, estava lá em cima, no galho da árvore? Como é que tinha chegado até ali? Ela não podia voar...
Justamente nesse momento, a abelhinha ouviu a escova mágica dizer:
- Você agora, abelhinha, tem o que tanto queria. Mereceu bem esse prêmio. Voe, agora, todo o dia.
Então a abelhinha entendeu tudo: já tinha quatro asas. Agora podia voar para onde quisesse. A abelhinha quase chorou de alegria.
A abelhinha estava muito feliz. Ela falava tão alto, fazia tanto barulho, que chamou a atenção do indiozinho e dos óculos. Eles estavam brincando ali perto e vieram depressa.
Nessa hora, a escova mágica anunciou: Vou dar uma festa de arromba lá em casa. Uma festa que vai durar três dias e três noites.
O indiozinho quis logo saber:
- Festa? Por causa de quê?
A abelhinha achou que devia responder:
- Por minha causa, indiozinho. Quer ver uma coisa?
E, muito feliz, a abelhinha começou a voar em volta dos amigos.
Foi quando o indiozinho gritou: Que maravilha! A abelhinha já pode voar, minha gente!
A abelhinha, muita prosa, voava, voava sem parar.
A escova olhou para a abelhinha e pensou: Ela bem que merece essa felicidade, bem que merece...
O melhor é irmos andando, disse a escova mágica. Temos de preparar a festa: arrumar a casa, fazer os doces, arranjar a música. Vamos precisar de que todos ajudem e... não podemos perder tempo.
O indiozinho disse logo: Pode contar comigo!...
Então a escova falou: Vocês querem convidar os outros amigos? E pedir que eles venham também ajudar? Essa festa tem de ser mesmo de arromba. Uma festa como ninguém ainda viu. Uma festa para a abelhinha!
E a abelhinha gritou:
- Essa festa é da escova também! Viva a escova!
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